2º capítulo - what doesn't kill you makes you stronger

Até que quando vais directa para apanhar o anel, Mike agarra-o e mostra-o a Inês (a rapariga por quem sempre teve um fraquinho), então tu afastas-te delicadamente, não ias fazer um escândalo ao tirar-lhe o anel e dizer que era teu sem provas nenhumas, e como também eras envergonhada não tinhas coragem para o fazer. Sais do mac a correr sem olhar para trás na esperança que aquilo tudo não passasse de um sonho, mas não, era real, totalmente real e doloroso. Vais para a paragem do bus onde estava Vasco.

Vasco: Então sempre encontraste o anel?
Beatriz: Não, nem por isso.

Não ias dizer a Vasco que não tiveste coragem para ir buscar uma coisa que te pertencia e a que tinhas muito amor por causa de Mike. Sabias que Vasco ia lá voltar e arrancava-lhe o anel dos dedos sem mais nem menos, não querias fazer uma cena dessas.

Vasco: Tenho muito pena Beatriz, depois compramos outro.
Beatriz: É, afinal era só um anel.
Vasco: Hum, eu sei o quanto gostavas dele, por isso o que achas de irmos agora comprar outro à Ericeira do Fórum?
Beatriz: Estás a falar a sério Vasco? Tu nem gostas lá muito de compras.
Vasco: Pela minha melhor amiga posso esquecer isso por umas horas. (sorrindo-te porque sabia como eras agarrada às coisas por te lembrarem memórias preciosas.)
Beatriz: Oh, então está bem! obrigado Vasco.
Vasco: Não tens de quê.
Beatriz: A sério Vasco, obrigado por tudo. (e retribuis o sorriso de à bocado.)

Então assim o fizeram, mal o bus para o fórum passou vocês apanharam-no e foram "às compras". Mal chegam ao fórum vão à Ericeira, e aí tu tens a brilhante ideia de fazeres compras para Vasco, porque tu sabias que como a maioria dos rapazes eles não são muito de compras, e assim obrigas-o a passar a tarde a trocar e trocar de camisas, t-shirts, e camisolas.
Ele trocava e trocava de roupa mil e umas vezes, acabou por levar um montão de sacos, e tu chegas-te a comprar uma coisa melhor que um anel, compras-te, aliás Vasco fez questão de comprar-te uma pulseira daquelas que não saiam da mão e que tinha um pendente, uma flor havaina, escrito "surf".
Deve ter sido a melhor tarde que tinhas desde que o verão passado acabou, ter aulas para ti naquela escola era agora um castigo. Quando finalmente saem do centro comercial vão apanhar o bus para ir para casa. Vasco saí primeiro e só depois é que é a tua paragem.
Entras em casa e como sempre o teu pai ainda não tinha chegado, então decides ir fazer a cama e os trabalhos em atraso. Acabas de fazer os trabalhos e arrumar o quarto e reparas que já está na hora de jantar. Então ligas o teu pai e ele diz para encomendares uma pizza porque ele vai chegar tarde, tinhas vinte euros dentro da terrina onde se põe as chaves de casa. A ideia de jantar sozinha nunca te agradava muito, mas como já estavas habituada começava a tornar-se indiferente. Ligas para a PizzaHut e pedes uma pizza média Tropical, e só passado 35 minutos é que finalmente chega. Pagas ao homem e tiras uma fatia, sobre para o teu quarto e põe a música aos altos berro. Era uma das tuas típicas segundas-feiras.
Quando estavas quase a adormecer recebes uma chamada, mas nem reparas se tinha número ou nome, apenas atendes.

* chamada on *
Beatriz: Estou?
X: (...)
Beatriz: Quem fala?
X: (...)
Beatriz: Que estupidez chamadas anónimas, aff, cresçam criaturinhas.
* chamada off *

Desligas o telemóvel, não tinhas a mínima paciência para atenderes mais uma das chamadas anónimas (sim, porque já te ligavam frequentemente desde o ano passado e tu nunca tiveste a certeza de quem eram, mas desconfiavas que fosse Mike), então vais ao andar debaixo e vês que o teu pai ainda não tinha chegado, apagas as luzes e sobes lá para cima, deitas-te na tua cama e pões a cabeça levemente na almofada, e quando fechas os olhos já estás ferrada.